quarta-feira, 20 de julho de 2011

Mulungú-PB. Da catástrofe natural à tragédia familiar

A população da cidade de Mulungú-PB, reviveu no último final de semana o desespero causado pelas chuvas que fizeram o Rio Mamanguape, que corta o município, atingir um alto nível em suas águas e gerar uma verdadeira devastação na vida de dezenas de famílias. O que os moradores não esperavam era que tal situação tivesse além dos prejuízos nas diversas residências atingidas, uma conseqüência trágica na vida de uma família simples e honesta.


Catástrofe Natural


Em decorrência das fortes chuvas, as águas do Rio Mamanguape aumentaram de forma rápida e assustadora. Diversas famílias perderam todos os bens que conseguiram adquirir durante toda uma vida de trabalho duro. Documentos, objetos eletrônicos, móveis e muitas residências foram arrastados pela força da correnteza.


A água inundou também ruas e praças. Por precaução a Energisa suspendeu o fornecimento de energia elétrica para evitar algum dano ainda maior à população.


O Padre da cidade, Heriberto Gomes, providenciou, juntamente com a Pastoral da Criança e Administração Municipal, a retirada de famílias de áreas de risco, embora muitas se recusassem a deixar suas casas e está usando o Salão Paroquial para abrigar cerca de 12 famílias.




Em entrevista exclusiva à nossa equipe, o Padre frisou as dificuldades encontradas para manter as famílias no Salão, pois segundo o Sacerdote, o espaço comporta aproximadamente 30 pessoas, porém pela necessidade as 12 famílias estão alojadas. O Padre ainda destacou que dentre as famílias se encontram 18 crianças, sendo 3 ainda de colo.


Aproveitando a oportunidade, o Sacerdote, pediu ajuda dos paraibanos e principalmente aos brejeiros, no sentido de enviarem roupas, material de higiene, alimentos e cobertores para auxiliar na acomodação das famílias.




O empresário guarabirense João Rafael ao ouvir o apelo, feito através da Rádio Rural e do Repórter Feliciano Silva, rapidamente entrou em contato com o sacerdote e garantiu uma ajuda em alimentos, material de higiene pessoal, toalhas e cobertores.


Ainda há a preocupação com pessoas que se encontram em área de risco e com a proliferação de doenças como a leptospirose. Um surto de conjuntivite já foi constatado. Por sua vez, a administração municipal garantiu que ainda essa semana começará uma etapa de vacinação e reestruturação.


Tragédia Familiar


Para aumentar a ainda mais a dor dos cidadãos de Mulungú, uma família passou por uma das piores experiências humanas. Duas crianças, um casal de irmãos, foram vítimas de um trágico incêndio. Natan Elias Martins da Silva, 5 anos e Naiane Kérsia Martins da Silva, 8 anos moravam com os país, mais três irmãos e seus avós paterno, numa casa simples localizada na Rua Pedro Crispiniano de Alcântara, no centro da cidade.


Em virtude das fortes chuvas ocorridas, a mãe das crianças, identificada por uma vizinha como “Suzana”, saiu para comprar pão e verificar se as águas do Rio ofereciam risco à sua família, seu esposo havia se dirigido para o trabalho. Por causa da falta de energia a noite foi iluminada por uma lamparina abastecida com querosene.


Informações dos vizinhos dão conta de que uma das crianças da casa, esta de aproximadamente 3 anos, por volta das 5h30 da manhã da última segunda (18), justamente no horário da ausência dos pais, teria movimentado a lamparina e o fogo atingido os colchões e “mosquiteiro” da beliche na qual dormiam Natan e Naiane. As chamas tomaram proporções gigantescas atingindo violentamente os irmãos. Não há uma confirmação oficial deste relato.
Uma vizinha, identificada apenas como Cibele, alegou que moradores da rua ouviram gritos e que a criança que teria causado o incêndio saiu pedindo socorro, porém pela sua pouca idade não foi compreendida até que as chamas fossem vistas por um morador vizinho.


Ao chegar a casa em chamas, o tal morador, ainda conforme relato de Cibele, conseguiu resgatar inicialmente Naiane. A menina tinha o corpo totalmente queimado e chorava pedindo ajudada. O resgate de Natan foi ainda mais difícil e doloroso, o garoto já não tinha forças para falar e ao se tentar puxá-lo pelo braço parte de sua pele se desprendeu do corpo. Moradores que foram a residência da família alegavam que haviam pedaços de tecidos de pele espalhados no chão do quarto.


A mãe ao retornar, viu a casa em chamas e logo correu já em prantos para tomar ciência do que se passara em seu lar. “Suzana”, mulher trabalhadora, tentava ajudar o marido nas despesas da casa realizando faxinas, criando animais e plantando, ela não agüentou ver seus filhos praticamente consumidos pelo fogo e desmaiou. Uma vizinha ainda encontra-se sob cuidados médicos por não ter conseguido ver a cena e também ter desmaiado.


Os irmãos foram encaminhados para o Hospital de Emergência e Trauma em João Pessoa. Na manhã da terça (19), Natan faleceu e no início da tarde, como se não quisesse deixar seu irmão sozinho, Naiane foi ao seu encontro. A menina tinha um enorme cuidado com todos os seus irmãos.


Uma dor generalizada tomou conta da cidade, como se todos fossem pai e mãe do casal de irmãos. A chegada dos corpos foi aguardada com angústia e desolação.



Por volta das 18h30 às urnas funerárias claras adentraram a cidade, que logo silenciou, centenas de pessoas acompanharam o pouco tempo do velório. Alguns “coleguinhas” quiseram ver pela última vez seus amigos, não resistiram e desmaiaram; o Conselho Tutelar a partir de então proibiu a entrada de crianças. A Polícia organizou a visitação aos corpos e os que saíam da casa da família não continham as lágrimas.

Era por volta das 19h20 ainda da terça (19) quando o cortejo silencioso se dirigiu ao cemitério da cidade. Um dos presentes no velório traduziu o sentimento de todos em relação aos pais de Natan e Naiane: “Não sabemos se existe algum remédio no mundo que seja capaz de amenizar a dor dessa família... só Jesus!”

Tony Souza

1 comentários:

Anônimo disse...

que.deus.ajude.esta.famiha.que.dor.meudeus.monica.rj