TRÍPOLI (Reuters) - Forças leais a Muammar Kadhafi atacaram duas cidades líbias nesta terça-feira, após a terceira noite de ataques aéreos em Trípoli, mas a campanha ocidental enfrenta questionamentos sobre o futuro de sua estrutura de comando.
Enquanto os rebeldes contrários a Kadhafi têm dificuldades em criar uma cadeia de comando que capitalize os ataques aéreos contra tanques e defesas aéreas da Líbia, as nações ocidentais ainda têm que decidir quem controlará as operações depois que Washington se retirar.
Os Estados Unidos cederão o controle da ofensiva aérea em questão de dias, disse o presidente Barack Obama, no momento em que as divisões na Europa alimentam a especulação de que Washington será forçado a manter a liderança das patrulhas aéreas em substituição ao bombardeio inicial.
"Prevemos que essa transição ocorra em questão de dias e não semanas", disse Obama, que tem sido questionado sobre os militares dos EUA estarem se atolando em um terceiro país muçulmano, em uma coletiva de imprensa durante visita ao Chile.
Um caça F-15E da Força Aérea norte-americana caiu na Líbia entre a noite de segunda e a manhã de terça-feira, os dois tripulantes foram recuperados, de acordo com os militares dos Estados Unidos. A queda provavelmente foi causada por falha mecânica e não fogo hostil, disseram.
Nos mais recentes combates de terça, forças de Kadhafi usaram tanques para disparar contra o reduto rebelde de Misrata, no oeste líbio, e as baixas incluem quatro crianças mortas quando o carro em que viajavam foi atingido, disseram moradores à Reuters. O saldo de mortos na segunda-feira chegou a 40, disseram.
"A situação aqui é muito ruim. Os tanques começaram a disparar contra a cidade nesta manhã", disse um morador chamado Mohammed à Reuters por telefone do lado de fora do hospital da cidade.
"Atiradores de elite estão participando da operação também. Um carro civil foi destruído, matando quatro crianças dentro, a mais velha tinha 13 anos."
A rede de TV Al Jazeera disse que forças de Gaddafi tentavam tomar a cidade rebelde de Zintan, perto da fronteira tunisiana no oeste, em um ataque com armas pesadas. Os moradores já haviam fugido do centro da cidade em busca de refúgio nas cavernas das montanhas.
TEMOR DE IMPASSE
A televisão estatal líbia disse que várias localidades de Trípoli sofreram ataques aéreos na segunda-feira. Não havia confirmação de novas ofensivas ocidentais pelo ar na campanha para aplicar uma zona de exclusão aérea e proteger civis.
Os rebeldes, que foram forçados a recuar a seu reduto em Benghazi antes dos ataques aéreos deterem um avanço das forças de Kadhafi, nada fizeram para retomar seu plano de avanço sobre Trípoli - despertando temores de que a guerra pode chegar a um impasse.
Mas Washington, temeroso de se envolver em mais uma guerra após as longas campanhas no Iraque e no Afeganistão, descartou uma ação específica para derrubar Kadhafi, há 41 anos no poder, embora a França tenha dito na segunda que espera que o governo líbio caia de dentro para fora,
Obama não especificou que nação ou organismo assumiria a campanha, mas Grã-Bretanha e França tomaram a dianteira nos assaltos aéreos à Líbia, que já destruíram boa parte de suas defesas aéreas.
O primeiro-ministro britânico David Cameron disse que a intenção é transferir o comando à Otan, mas a França declarou que os países árabes não querem a aliança encabeçada pelos EUA a cargo da operação no país produtor de petróleo.
(Reportagem de Mohammed Abbas e Angus MacSwan em Benghazi, Maria Golovnina e Michael Georgy em Trípoli, Hamid Ould Ahmed e Christian Lowe em Argel; Tom Perry no Cairo, John Irish em Paris, Missy Ryan em Washington, Matt Spetalnick no Rio de Janeiro)
Com Agência Reuters
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