Acho que eram umas 22h15; não lembro direito, mas me recordo bem que naquela noite chovia e chovia forte. O barulho dos pingos de chuva que caiam no telhado se misturava com o barulho das batidas aceleradas do meu coração que, impaciente, batia descompassado.
A sensação era de que o tempo tivesse parado e à hora esperada não chegasse. Longos minutos.
Distraí-me um pouco e ouvi o ranger da porta. Alguém entrará. Impulsionado pela expectativa de sua chegada voltei o meu olhar para a porta. Era ela.
Nunca a vi tão linda. Seus longos cabelos, agora molhados e caídos sobre os ombros, me torturavam a ponto de, por um instante, esquecer do perigo que nos rondava.
- Alguém viu você entrar? Perguntei. Timidamente, de olhar cabisbaixo e com voz suave, ela me respondeu: “Não. Fui discreta.” Sua tentativa pode até ter sido de passar despercebida, mas, com tamanha beleza e formosura era impossível alguém não notá-la.
O tempo não nos ajudava e, se antes ele não passará, agora, agindo de má fé, o tempo acelerava numa velocidade descontrolada. Teríamos poucos minutos. Ninguém podia notar seu sumiço.
Certamente ela iria dizer que estava com medo, mas, não permiti. Antes que falasse segurei-a pela mão e, olhando nos seus olhos, lhe desferi um golpe mortal de amor. Nos amamos ferozmente naquela noite.
Conto
- O conto é uma obra de ficção, um texto ficcional. Cria um universo de seres e acontecimentos de ficção, de fantasia ou imaginação. Como todos os textos de ficção, o conto apresenta um narrador, personagens, ponto de vista e enredo.
Por Júnior Campos
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