O projeto Talismã na estrada me levou nesta quarta-feira (24) até o município de Montanhas, localizado na região do agreste do Rio Grande do Norte. Foi na na zona rural do município, há cerca de 6km, que me deparei com um cenário triste e revoltante. Uma família composta por cerca de vinte pessoas, vive em um lixão.
Parte da família |
O espaço é dividido com lixo, animais e insetos. Cerca de oito crianças, sendo uma de seis meses e outra de um ano de idade, convivem no local vulneráveis a doenças e desasistidos de qualquer atenção por parte do poder público, municipal e estadual.
A senhora Maria Lucilene da Silva, de aproximadamente 46 anos, mãe de alguns que moram alí, conversou com nossa reportagem e narrou o drama vivido.
"Morávamos em Canguaretama, mas as coisas ficaram difícieies por lá. Meu esposo ficou sem emprego e meus filhos também. Aí nós resolvemos vir morar por aqui. Alugamos uma casa na cidade, mas sem muitas condições para pagar o aluguel, tivemos que deixar a casa. Procurei a prefeita para que ela nos ajudasse, mas ela disse que só podia ajudar aos seus eleitores, já que nós não votamos aqui. A única saída foi vir para o lixão." Relatou.
Dona Lúcia, como é conhecida a senhora, disse que a família tem sobrevivido graças ao que recolhe do lixo. A renda mensal da família chega a pouco mais de trezentos reais. "Quando pegamos no dinheiro fazemos umas compras, mas por ter muita gente, as compras só duram uma semana." Disse que a partir deste momento a família se vira como pode.
O caso vai muito além do que se pensa. É uma questão de saúde pública. Os poderes públicos não podem ser omissos num momento como este. Cabe o olhar do conseho tutelar, uma vez que, as crianças estão em situação de risco.
Na casa improvisada com papelões e pedações de madeiras, não há energia, nem água encanada. Não existe banheiro, só o sentimento de abandono é farto por alí.
Os brinquedos dos meninos são garrafas pets, que servem como bola, ou até mesmo coisas que eles encontram no lixo. São crianças que vêem aos seus olhos uma realidade que aos poucos, vai se tornando comum.
Enquanto acompanhava o esposo de dona Lúcia, percebia um pigarro repetitivo; sinais claro de doença adquirida pela má qualidade de vida.
As cenas de miséria só me fizeram lembrar que enquanto muitos desfrutam de casarões e apartamentos em beiras de praias, pessoas estão morrendo bem do lado, sem a oportunidade de se quer, um lar para descançar depois de um dia inteiro de trabalho.
Refletindo
Enquanto preparava psicologicamente a família para conversar comigo, contei algumas aventuras deste mundo jornalístico regadas de acontecimentos ilários; mostrei fotos e revelei alguns micos. Acredite, nunca foi tão fácil tirar sinceros sorisos daqueles rostos sofridos e sicatrizados pelo sofrimento da vida.
Testemunhar o sorriso de alguém que convive em uma situação tão deplorável e de extrema miséria foi para mim, um tapa na cara. É que muitas vezes com tudo que tenho, ainda me entristeço e peço mais ao senhor meu DEUS. Saí daquele cenário lembrando de uma canção que diz; "a gente era feliz e não sabia ..."
Vou deixar uma certeza. Ninguém jamais saberá dizer o que provoca a felicidade. Talvez ela seja só um momento. Aproveite.
Por Júnior Campos
2 comentários:
nossa q coisa hem ...
Isso que é cidadania miserável!
Isso é um acinte a estes pobres.
Mas acima de tudo, tudo isso demonstra e representa a miséria, o descaso, o abandono, a corrupção, a vilania, e o fracasso da raça humana.
Enquanto isso, nos palácios, homens de colarinho branco planejam como colocar mais gente aí nesse lixão.
O pior que acompanhamos tudo isso com passividade. Achamos normal.
Até quando vamos suportar os miseráveis de amor e de compaixão?
g.g.carsan
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