quarta-feira, 12 de outubro de 2011

A pipoca

Ele devia ter  pouco menos de três anos. Era  uma criança  esperta. Nos  braços de sua mãe ele encontrava refúgio e abrigo. Era  pequeno e magro. Seus olhos  refletiam a  luz da esperança.

Como uma forma de  passar o tempo,  sua mãe  costumeiramente  ia até uma 'budega' de um amigo  que  ficava há  poucos  metros de sua residência.

"Eu chegava  com ele nos  braços. Aí ele  dizia,  'pipoca  mãe'. Eu dizia que não tinha  dinheiro para  comprar a pipoca, mas  ele não entendia. O colocava  de volta  nos   braços e voltava  para  casa.  Minutos depois eu pensava que ele tinha esquecido e retornava  para   a  budega. Ele voltava a pedir  a pipoca. E mais uma  ves  tinha  que  ir para casa. " Narra a mãe  da criança.

Alguém sabe me dizer quanto custa uma pipoca? Pois é, esta mãe não tinha dinheiro para comprar uma pipoca para o seu filho.



A história  é simples, mas  tem  um  significado  grandioso na vida  daquele que  de criança se tornou um homem.

Hoje  nós  comemos pipocas lá em  casa e damos  risadas.

Me sinto muito a vontade, amigo internauta,  para dizer que  esta   é um pouco da história de Júnior Campos. E toda as  vezes que vejo  uma criança pedindo algo para  sua  mãe/Pai, acredite, me vejo nela.

A experiência de estar  nas  áreas  carentes das cidades por onde passo me faz ser mais humano.  Me faz entender que esta vida não  me pertence.  Que o que me falta hoje, posso  ter amanhã, e  que  o que tenho  pode,  me faltar  amanhã.

Minha  história se confunde com  mil e tantas histórias e sei que muitas  daquelas  crianças que encontrei hoje na  quadra I, um  dia  poderão dar muitas  pipocas para outras crianças e  serão o orgulho  de  suas  famílias. Hoje eu posso comprar  pipocas e sei que minha conduta tem dado  orgulho para minha família.

Outra experiência. O  sorriso de  uma criança que  recebeu  um   simples brinquedo de minhas  mãos nesta quarta-feira (12)  rejovelheceu 20  anos  minha alma. 

Pode parecer  piada, mas no mometo em que  escrevo este  artigo, estou comendo uma pipoca e sujando  minhas mãos com  o sal. Alguém quer pipoca?

Por Júnior  Campos

1 comentários:

Larissa Neves disse...

Esse amigo me mata de orgulho... Li seu texto com lágrimas no olhos... Grande abraço... querido!!