A sexta-feira foi tensa no Palácio do Planalto. A presidente Dilma Rousseff, insatisfeita com o rumo das negociações para a troca de comando nas empresas do setor elétrico, e surpreendida pelo apagão em sete estados do Nordeste, decidiu acelerar as indicações para o comando destas empresas. Para isso, Dilma assumiu pessoalmente a operação política das trocas.
“Eu quero soluções!” – repetia a presidente, exaltada, ao telefone, diante dos sucessivos impasses políticos provocados por interesses contrariados de setores do PMDB que não aceitam perder postos-chave no setor elétrico.
Dilma estaria decidida a consumar indicações técnicas e, se possível, banir do setor a influência do pemedebista Eduardo Cunha – suspeito de envolvimento com irregularidades em Furnas. “Este é o padrão de influência que a presidente pretende eliminar de áreas estratégicas” – afirma um auxiliar próximo a Dilma, lembrando que a ela própria é uma especialista em energia e, reservadamente, nunca concordou com o excesso de ingerência política no setor.
O problema é que Cunha controla cerca de vinte votos na bancada do PMDB, e exerce forte influência sobre o líder Henrique Alves, que vem encampando suas reclamações. O Planalto, no entanto, considera que já encontrou solução para minar o poder de Cunha: negociar diretamente com seus liderados, e reduzir o deputado à condição de “baixo clero” – como são chamados os parlamentares sem visibilidade ou poder de influência na Câmara.
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