Centro Administrativo Municipal de Solânea-PB (Prefeitura) |
O
Ministério Público da Paraíba (MPPB) vai solicitar à Justiça o
afastamento dos prefeitos de Sapé, Solânea e Alhandra. Eles foram presos
na manhã desta quinta-feira (28), durante a Operação “Pão e Circo”,
deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado
(Gaeco/MPPB) e Polícia Federal, com o apoio da Controladoria Geral da
União (CGU).
O
Tribunal Regional Federal da 5a Região já determinou a suspensão do
repasse de recursos federais do Ministério do Turismo para as 13
prefeituras paraibanas, onde foi constatado esquema criminoso para
desviar dinheiro público através de irregularidades nas contratações de
bandas e serviços para eventos festivos.
Policiais Federais entrando na Prefeitura |
As
prefeituras envolvidas são as de Mamanguape, Sapé, Solânea, Santa Rita,
Itapororoca, Conde, Jacaraú, Mulungu, Boa Ventura, Capim, Cuité de
Mamanguape, Cabedelo, Alhandra. As irregularidades também foram
constatadas na Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope), a Capital. As
investigações apontaram direcionamento nos processos de licitação para
contratar empresa responsável pelo show pirotécnico do último Réveillon,
em João Pessoa, por exemplo.
Segundo o
assessor da CGU em Brasília, Israel Carvalho, estima-se que tenham sido
desviados, desde 2008, cerca de R$ 65 milhões dos cofres públicos
(entre verbas municipais, estaduais e federais). “A CGU esteve em loco
em três municípios e constatou as irregularidades e desvios de dinheiro
público. Só um grupo criminoso de empresas movimentou cerca de R$ 14
milhões. As investigações deverão apontar a participação de outros
grupos”, exemplificou.
O
procurador-geral de Justiça, Oswaldo Trigueiro do Valle Filho, informou
que as fraudes ocorreram em vários eventos festivos de municípios que
têm baixos IDHs (índices de desenvolvimento humano) e que têm vários
problemas sociais, com escolas sucateadas e serviços de saúde precários.
“O esquema envolvia duas estruturas: a iniciativa privada e as
prefeituras. Pudemos ver o tamanho da influência dos empresários na
administração pública e o sentimento de impunidade que os envolvidos
tinham”, disse.
Ele
agradeceu o apoio do Tribunal de Contas do Estado (que disponibilizou um
banco de dados), das Polícias Civil e Militar e dos órgãos envolvidos
na operação.
Investigações
As
investigações feitas durante um ano pelo Gaeco remetem a contratações
realizadas pelas prefeituras desde 2008, com verbas municipais e
estaduais. Já as investigações da PF são referentes a contratações
feitas com recursos federais desde 2009. “São duas investigações
paralelas, distintas, que ocorreram concomitantemente e que, para o
sucesso dessa operação, houve a troca de informações entre PF e MPPB”,
esclareceu o superintendente da PF, Marcello Diniz Cordeiro.
Mais de
40 mil escutas foram feitas com autorização judicial e foi possível
constatar a participação direta de prefeitos, seus familiares e
servidores públicos, além de empresas “fantasmas” que foram constituídas
com a finalidade de desviar dinheiro público e fraudar procedimentos de
contratação de serviços para a realização de eventos festivos (Ano
Novo, São João e São Pedro, Carnaval e Carnaval fora de época,
aniversários das cidades, etc).
As
fraudes eram feitas em licitações, dispensas e inexigibilidades de
licitação, contratos com bandas musicais, montagem de palcos, som,
iluminação, comercialização de fogos de artifício, shows pirotécnicos,
aluguéis de banheiros químicos e serviços de segurança.
Além do
superfaturamento dos objetos contratados, as investigações constataram a
não prestação de serviços contratados e documentos forjados atestando a
falsa exclusividade de artistas e bandas para justificar irregularmente
o procedimento de inexigibilidade de licitação.
Mandados cumpridos
Segundo o
delegado de repressão aos crimes financeiros da PF, Fabiano Martins, os
28 mandados de prisão, os 65 mandados de busca e apreensão e os sete
mandados de condução coercitiva expedidos pelo Tribunal de Justiça da
Paraíba e pelo Tribunal Regional Federal da 5a Região foram cumpridos em
18 municípios paraibanos e no Estado de Alagoas.
Também
foram apreendidos imóveis, armas sem registro, uma lancha, carros
nacionais e importados, R$ 56 mil em espécie, HDs e documentos. Os bens
sequestrados serão encaminhados à Justiça. Cerca de 300 policiais
federais, 30 policiais militares, 20 auditores da CGU e 12 promotores de
Justiça participaram da operação.
Além dos
três prefeitos, a primeira-dama de Solânea e mais dez servidores
públicos (sendo três secretários municipais) também foram presos,
durante a operação. Outras duas primeiras-damas foram conduzidas
coercitivamente para prestar esclarecimentos e liberadas em seguida. Os
mandados de prisão também tiveram como alvo empresários que atuam no
ramo de eventos festivos e outros servidores públicos. Um dos mandados
foi cumprido em Alagoas, contra o empresário Carlos Abílio Ferreira da
Silva.
As 35
pessoas (alvo dos mandados de prisão e condução coercitiva) serão
ouvidas nesta quinta e sexta-feiras pelos promotores de Justiça no
Núcleo Criminal do MPPB, localizado no centro de João Pessoa.
Eles são
acusados de falsificar documentos públicos e privados, falsidade
ideológica, crimes contra a ordem tributária (sonegação), corrupção
ativa e passiva, fraude em licitação, desvio de verba pública, lavagem
de dinheiro e formação de quadrilha. A pena para esses crimes pode
chegar a 48 anos de prisão.
O
material será analisado pela PF, Gaeco e CGU e poderá revelar o
envolvimento de mais empresas, prefeitos e servidores públicos no
esquema criminoso.
Confira a lista das pessoas que foram alvo de mandados de prisão
-
Ozimar Berto de Araújo
-
Maria do Carmo Régis de Araújo
-
Daniel Gomes da Silva
-
Felipe Silvestre Pordeus
-
Márcio de Melo
-
Djalma da Silva Toscano
-
Andressa Ingrid Amâncio de Lima
-
Severino Justino da Silva (“Menudo”)
-
Marcos Antônio Bezerra da Silva
-
Geraldo Félix da Silva
-
Carlos Abílio Ferreira da Silva
-
Gilmar Sales Cordeiro
-
Renato Mendes Leite
-
Vinícius Lemos de Sousa Melo (Filho do prefeito de Solânea-PB)
-
Rosiberto Carlos da Silva Santos
-
José Walter da Costa
-
Lúcia de Fátima Lemos de Sousa Melo (1ª Dama do município de Solânea-PB)
-
Francisco de Assis de Melo (Dr. Chiquinho, prefeito de Solânea-PB)
-
Jacy da Silva Mendonça
-
João Clemente Neto
-
Edivaldo Rodrigues de Lima (“Peninha”)
-
José Antônio Azevedo Melo
-
Antônio Edson da Silva (“Edinho”)
-
Marcos Elpídio Pereira Portela
-
Ednaldo de Sousa Lima
-
Manoel Ferreira Sobrinho
-
Marinézio Ferreira da Silva
-
Cláudia Izabel da Silva Maia
Mandados de condução coercitivos
-
Josvaldo Araújo Trajano da Silva
-
Fabiana Marinho Lins
-
Daygela Gomes da Silva
-
Romacele Karpowicz Menezes
-
Thiago Henrique Assis de Moura
-
Helena Rafaela Pereira de França
-
Nathália Régis de AraújoCom Ministério PúblicoImagens - Jr. Campos
0 comentários:
Postar um comentário