Depois de caminhar por veredas, cercadas de mato por mais de 40 minutos, subindo uma serra que parece não ter fim; nossa reportagem chegou a um casebre onde Pedro mora com sua mãe, a senhora Maria Augustinha da Conceição, de anos de 84 anos. O casebre, está na localidade conhecida como, os baianos, no município de Belém-PB.
Fomos recepcionados pelo Pedro que acompanhado de vários cachorros, nos deu as boas vindas. Questionado sobre sua mãe, fomos informados que a anciã estava em Rua Nova, distrito de Belém, que fica há cerca de 4km do topo da serra.
Casa de taipa, paredes caídas, telhado comprometido, chão de terra batido, falta de higiene e fogão de lenha. Esse foi o cenário encontrado por nossa reportagem.
A globalização que chegou a quase todo canto, não chegou ao topo da serra. Ali não existe energia elétrica, água potável, televisão, geladeira. A posição do sol e da Lua, serve como relógio para marca o tempo que para os dois, parece ter parado.
Pedro foi a escola algumas vezes, mas pela falta de cultura, desistiu dos estudos. O agricultor não tem documentos; nunca casou, não tem filhos, para ele o mundo é o que o cerca.
Deixando a casa do Pedro, descemos a serra com a esperança de encontrar a aposentada que, segundo seu filho, pela posição do sol, já estava perto de chegar. O relógio natural, não nos traiu. No pé da serra, de longe vimos uma senhora, de cor negra, vestido longo, lenço e uma sacola na cabeça, com uma outra na mão. Era dona Maria.
Para não assusta-la, nos identificamos e a convidamos para debaixo de uma mangueira, onde sob sua sombra, fomos ganhando sua confiança para um bate papo.
Ouça nossa conversa.
A anciã percorre o mesmo trecho umas três vezes por semana. Na última sexta-feira (01) tentaram convencer a aposentada de ir morar com uma filha em Pirpirituba-PB. Dona Maria teria ficado nervosa e disse que não deixa seu pedaço de chão de jeito algum.
O que devemos questionar é até onde, nas condições que vive, Dona Maria tem poder de decisão, para escolher o que é melhor para si? E o estado enquanto governo, nas esferas municipal, estadual e federal, não pode fazer nada?
Uma coisa é certa, Para quem nunca teve muito, qualquer pouco é suficiente.
Uma coisa é certa, Para quem nunca teve muito, qualquer pouco é suficiente.
Por Júnior Campos
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